“Eu vou e volto todo dia”. Esta poderia ser uma simples declaração não fossem os mais de 900 km escondidos nela. A distância é percorrida pelo professor Anderson Cardoso Guimarães, de 41 anos, em cada dia de jogo da Copa na Fonte Nova, em Salvador. Anderson é um dos 353 participantes do programa Brasil Voluntário, do governo federal, e já atuou nas partidas Espanha x Holanda, Alemanha x Portugal e França x Suíça.
Por conta própria, o voluntário sai de Buerarema (450 Km da capital), no Sul da Bahia, para orientar o público sobre os acessos ao estádio. Anderson concilia o voluntariado com os horários de professor em diversas turmas, mas conseguiu equilibrar os dois papéis. “Estou trazendo a experiência de sala de aula para cá. Quando você trabalha com pessoas, que você tem esse mundo multifacetado de várias identidades, e você é professor em várias cidades também, isso só ajuda”, comemora.
O voluntário está utilizando os conhecimentos em inglês para ajudar os torcedores estrangeiros e, quando nem mesmo a língua ajuda, Anderson recorre a outros artifícios. “O gesto, o sorriso da gente de brasileiro, a nossa disponibilidade, a nossa energia, o nosso verde-amarelo-azul, tudo misturado, faz com que eles se convençam de que a gente também é eficiente”, conta.
O contato humano, a cordialidade e o sorriso dos estrangeiros satisfeitos com o atendimento são o que o professor espera guardar dessa experiência. “Ser voluntário também é isso: se dedicar para que a gente possa fazer o Brasil funcionar bem”, acrescenta.
A professora de espanhol do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Celi dos Santos Viana, residente no bairro do Cabula, também coleciona momentos marcantes. “Está sendo ótimo. Eles (turistas) sorriem, agradecem por eu estar falando a língua deles e dando uma informação mais precisa”, afirma.
Entre as situações consideradas diferenciadas pelos voluntários estão o encontro com ex-jogadores, como Tande, do vôlei, e o atacante Óseas, que chegou a vestir a camisa da Seleção Brasileira em 1996. De fã, a voluntária passou a ser prestadora de socorro, quando decidiu ajudar três espanhóis assaltados. “Eu os levei à Polícia Militar, à Polícia Civil, depois levei até o credenciamento para que pudessem tentar reverter a situação”, relembra.
Sempre a postos nas imediações da arena, Celi não larga o alto-falante pelo qual passa as coordenadas aos torcedores. Para a voluntária, a gratidão é compensada com um simples gesto. “A maioria agradece sorrindo e é isso. A gente quer que as pessoas cheguem a Salvador e saiam daqui felizes”, ressalta.