O Observatório Racial da Copa do Mundo FIFA 2014 foi instalado nesta terça-feira (05) e, durante o evento, foram discutidas diversas possibilidades com o objetivo de promover a inserção do povo negro no contexto do evento esportivo. Esta foi a quarta reunião e um próximo encontro já está agendado para acontecer na Casa de Benin no dia 11.
O encontro foi realizado na sede da Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), no Pelourinho, pelos secretários da Reparação (Semur), Ailton Ferreira e pelo assessor de Relações Internacionais (ARI) e gestor do Escritório Municipal da Copa (Ecopa), Leonel Leal.
A iniciativa é semelhante ao Observatório da Discriminação Racial, da Violência contra a Mulher e LGBT, realizado desde 2006 no carnaval de Salvador, e tem o propósito de fortalecer as capacidades da gestão municipal para a implementação de políticas de promoção da igualdade, com o objetivo de incentivar o sentimento de harmonia e prevenir conflitos preconceituosos antes, durante e após a realização dos jogos na capital baiana.
Conforme o secretário da Reparação, Ailton Ferreira a realização da Copa pode ser uma oportunidade de qualificar e aproveitar a mão de obra do povo negro, principalmente na área de serviços, através de uma agenda propositiva. “O que podemos aproveitar desse evento que é a Copa do Mundo e como construir um legado para nosso povo? Temos que criar instrumentos para que o Estado possa acolher mais a população. Vamos aperfeiçoar o documento que regulamenta o observatório, buscar parcerias para a qualificação da mão de obra e promover a inserção desses profissionais no evento”, destacou Ailton Ferreira.
Já o assessor de Relações Internacionais e gestor do Ecopa, Leonel Leal, apresentou uma pesquisa revelando as diversas possibilidades de negócios que podem ser desempenhadas pelos micro e pequenos empresários, com destaque para a cultura local, que deve ser evidenciada ao máximo. “O Observatório Racial é uma proposta que é necessária e vem dando certo, por isso, a proposta de implantá-lo também na Copa do Mundo”, afirmou Leal.
A preocupação com a desigualdade histórica sofrida pela população negra foi o tema da fala do presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra, Marcos Sampaio. “Qual será o grande legado da Copa? Não podemos deixar se repetir o que ocorreu na Copa de 70, em que as questões sociais foram esquecidas. Precisamos olhar a história para não cair no mesmo erro. Temos que fazer da Copa um instrumento de inclusão do povo negro e combater a discriminação racial”, advertiu Sampaio.
Os participantes do evento sugeriram que a marca dos costumes afro-brasileiros sejam evidenciados e que sejam realizadas campanhas publicitárias para prevenir práticas racistas, dentro e fora dos campos de jogos.