Isaac Edington*
O setor esportivo andou a uma velocidade superior à economia do país na primeira década do milênio. A taxa média de crescimento do PIB do Brasil foi de 3,2%, entre 2000 e 2010, ao passo que a média de crescimento anual do setor esportivo foi de 6,2%. O setor mostrou fôlego mesmo nos anos de crise global, ganhou investimentos e aumentou a participação nas despesas das famílias brasileiras. Em valores, movimentou, em 2010, R$ 78,6 bilhões e elevou a fatia no PIB de 1,702%, na década anterior, para 1,997%.
Esses números de extrema relevância foram levantados por um advogado e um economista (Ary Graça e Istvan Kasznar) que, há mais de 20 anos, se debruçam sobre os números que movimentam a economia do esporte e coletaram dados em cerca de 1200 empresas e estatísticas oficiais. Segundo a dupla, o setor que experimentou mais ganhos de participação foi o de artigos esportivos, com destaque para roupas, instrumentos e equipamentos esportivos; alimentos, bebidas e vitaminas; além de mochilas, joelheiras e bonés.
Com mais dinheiro no bolso, os brasileiros viram a sua economia estabilizar, com inflação baixa e real forte, e consumiram mais. Os autores consideram que os impactos de crescimento se refletem ainda em outras atividades. Calcula-se que cada R$ 1 investido em infraestrutura esportiva mobiliza R$ 6,50 para atividades que não são ligadas ao esporte, como o varejo e o marketing, sem falar no impacto relevante sobre setores como alimentação, transporte, entretenimento e hotelaria.
Um outro estudo da Pluri Consultoria, aponta que nos últimos cinco anos, de 2007 a 2011, a taxa de crescimento anual média da economia brasileira foi de 4,2%, enquanto no setor de esportes ela foi de 7,1%. Diante desse compasso, pode se dizer que a economia brasileira anda a um ritmo europeu e o esporte anda a um ritmo chinês.
Nos próximos cinco anos, a consultoria prevê que a participação do setor esportivo na economia deve aumentar 22%. Os números gritam: o esporte há muito tempo deixou de ser uma atividade lúdica e passou a ser uma indústria, e em franca expansão. Principalmente se consideramos ainda os avanços da medicina com a forte tendência para o aumento da expectativa de vida, pode-se prever que teremos mais gente praticando esportes e por mais tempo.
Esses números que saltam aos nossos olhos merecem um olhar apurado para as oportunidades que o esporte pode trazer à diversas atividades econômicos em nossa cidade. A realização da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas de 2016 (Salvador irá sediar seis jogos de futebol) já começam a movimentar o setor esportivo fortemente, por meio do futebol, e com isso movimentando toda uma cadeia de negócios de forma direta e indireta.
Investimentos em infraestrutura esportiva, iniciativas de incentivo ao esporte, atração de eventos esportivos nacionais e internacionais das mais diversas modalidades podem trazer para a terra do dendê um novo vetor de crescimento e dinamizar em muito a nossa economia.
Isaac Edington é secretário do Escritório Municipal da Copa FIFA 2014
Matéria original: Correrio24horas.com